Pequi Fruto Tipico do Centro Oeste

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O pequi já está por todos os lados e já dissemina seu cheiro inconfundível. Fruto típico do cerrado e um dos ícones da culinária mato-grossense. É nessa época do ano que os pequizeiros estão carregados e garantem bons frutos aos produtores e também àqueles que comercializam o produto nas feiras e nas inúmeras bancas nas ruas centrais da cidade. O alto consumo do pequi nesse período do ano é certeza de dinheiro extra para os produtores, muitos até o consideram como abono de final de ano, um 13° salário.

Embora seja encontrado com facilidade no mercado, o produto atualmente comercializado nas feiras e ruas da capital é oriundo do estado vizinho, Goiás. A produção mato-grossense começa a ser colhida de fato no final deste mês e tem seu auge em meados de dezembro. Nesse período as árvores estão carregadas – cada pé pode render até dois mil frutos - e os frutos começam a cair, quando então o produtor inicia a colheita, já que o pequi não deve ser colhido diretamente da árvore. De acordo com a bióloga e pesquisadora Lozenil Frutuoso, quando colhido no pé o fruto é fica mais amargo.

Um giro rápido pelos principais pontos de venda do pequi revela porque ele é tido como a garantia de uma boa renda para produtores e vendedores. No Mercado do Porto, em Cuiabá, pode ser encontrado em muitas bancas ao custo de R$ 3 a sacola com pouco mais de meio litro, tanto o pequi goiano como o regional. Na banca de Reginaldo Cavalheiro a média diária de venda é de 30 sacolas. Em outra banca, que oferece o pequi regional - cultivado na Baixada Cuiabana e Chapada dos Guimarães - a procura é bem maior. A explicação, segundo o proprietário da banca, está na preferência do consumidor pelo ‘nosso pequi’. “Apesar de não ser tão carnudo como o de Goiás, ele é mais saboroso. Nosso pequi não é amargo”, revela.

Assim como no Porto, também na área central da Capital a venda de pequi vai de vento em popa. Seu ‘Goiano’, que há seis anos trabalha com a venda de frutas e tem uma banca na rua 13 de Junho, junto à Praça Ipiranga, diz que essa é a época do ano em que consegue ‘juntar um dinheirinho’. “Com o pequi consigo um bom rendimento, com as outras frutas ganho apenas o suficiente para me manter”, afirma. Trabalhando de segunda a sábado no centro da cidade e aos domingos na feira, atualmente ele costuma vender em média 50 latas por dia - cada lata tem pouco menos de 1 litro - com preços que variam de R$ 3 a R$ 4 a lata. Mas o melhor período de vendas deve começar em poucos dias com o aumento da oferta do pequi regional, quando seu Goiano chega a vender até 200 latas por dia.

“Por enquanto ainda estamos vendendo o pequi goiano que tem um custo maior para nós e para os consumidores. Com o pequi da região a oferta é maior e o preço também diminui. A lata que hoje custa R$ 3 ou R$ 4 e poderá ser reduzida para algo entre R$ 1,50 e R$ 2, isso fará com que nossas vendas aumentem bastante”, diz sem esconder a animação.

Ele também revela que hoje já não é tão fácil encontrar o pequi fora das áreas de plantação. Planta nativa, em outros tempos ela podia ser colhida facilmente, sem que fosse necessária autorização dos donos das áreas. “Hoje todo mundo sabe que o pequi é rentável. Tudo que é colhido ainda é pouco para atender a procura. Acredito que daqui uns dez ou 15 anos devemos ter fazendas de pequi, até porque não é preciso terra boa e cuidados maiores para sua produção”, informa.

REFLORESTAMENTO

Atualmente o pequi também vem sendo utilizado para o reflorestamento de áreas degradas. A bióloga Lozenil Frutuoso é a responsável pelo projeto desenvolvido pela Empaer em uma área localizada na região do Coxipó. Implantado há seis anos ele também utiliza outras espécies de plantas como jenipapo, jatobá e outros tipos de frutas do cerrado. Segundo ela, é importante que os produtores que degradam suas áreas usem plantas frutíferas para recuperá-las. Com isso melhoram a qualidade de vida na região, pois essas árvores atraem para o local aves e animais. “Esse tipo de recuperação deveria ser obrigatório”, diz.

A bióloga destaca a importância do projeto e lembra que hoje boa parte dos produtores apenas vem conservando os pequizeiros já existentes. “Usar o pequi nas áreas degradadas ajuda a recuperar o nosso cerrado que é muito rico. Diferente de outras áreas de cerrado, aqui temos uma diversidade maior de plantas, então é necessário conscientizar os produtores para que mantenham a vegetação e, quando derrubada, deve ser reflorestada”, afirma.

Produção é estimulada pela Sociedade MT de Fruticultura
Proprietário da área onde é desenvolvido o projeto que utiliza o pequi para a recuperação de áreas degradadas, o presidente da Sociedade Mato-grossense de Fruticultura, Duílio Maiolino, se mostra satisfeito com os resultados dos trabalhos executados no local. No total a área possui 300 pés de pequi, além de outras frutas típicas do cerrado. Segundo ele, o tipo do solo é ideal para o desenvolvimento dessas plantas, que só dão frutos se cultivadas em terras arenosas. “Pequi não dá em terra boa”, diz lembrando que até já chegou a cogitar o uso de adubos para melhorar a terra e a produtividade, mas foi alertado de que a experiência não daria certo.

Maiolino também revela que a colheita na área deve começar nos próximos dias e, assim como nas demais plantações do Estado o auge da produção ocorre por volta do dia 15 de dezembro. Em Mato Grosso, o pequi é encontrado nas regiões de Barra do Garças, Baixada Cuiabana e Chapada dos Guimarães. Ele lembra que a maioria das pessoas tem preferência pelo pequi mato-grossense, embora haja uma grande oferta do pequi goiano mo mercado local nessa época do ano. “Ao contrário do fruto cultivado em Goiás, o mato-grossense não é amargo e, apesar de ser menos carnudo e de gosto mais suave é mais popular entre os consumidores”, diz.

Uma das metas da Sociedade de Fruticultura, segundo ele, é popularizar o plantio do pequi. Em sua área ele também já faz experimentos com outros tipos de frutas e diz que pretende iniciar em breve o cultivo do araçá-boi e da jabuticaba, pouco explorados em nossa região.

Produção do pequi no Estado ganha programa de incentivo
Dada a alta eficiência e importância gastronômica, cultural e econômica, o governador Blairo Maggi (PR) sancionou o Pró-Pequi, um programa projetado pelo deputado José Riva (PP), que cria a política de incentivo ao cultivo, consumo, comercialização e transformação dos derivados do pequizeiro. A publicação consta no Diário Oficial do último dia 10. A lei ganhou o número 9.011/2008.

“É uma forma viável de proporcionar melhores condições de vida ao trabalhador rural, pois a maioria vive da pequena propriedade, onde as atividades são restritas pela ausência de crédito, de assistência técnica e de incentivos para o incremento de novas tecnologias que fomentem a produção, a produtividade”, avalia Riva.

O pequi, ingrediente tradicional da culinária do Centro-Oeste, tem propriedades que podem fazer dele muito mais que um simples tempero: pesquisa realizada pelo Laboratório de Genética do Instituto de Ciências Biológicas (IB) da Universidade de Brasília (UnB) concluiu que esse fruto típico do Cerrado pode ser indicado como eficiente redutor da ação dos chamados radicais livres e está qualificado como coadjuvante no tratamento do câncer.

“O pequi é capaz de proteger as células dos efeitos colaterais (moléculas que se formam no organismo humano e reagem de forma danosa às células sadias) das drogas usadas no tratamento de câncer, que costumam ser muito violentos”.

Fonte: Diário de Cuiabá